A entidade não fica atrás. Possui muitas características das produções de horror tradicionais, afinal, faz parte do gênero e aceita sem traumas alguns de seus clichês, mas o que faz do filme especial é a subversão de outros lugares-comuns. Em certo momento, um policial sugere que todo o terror que o escritor tem vivido pode tratar-se, simplesmente, de alucinações, visto que tem sofrido estresse pela pressão de escrever um novo sucesso e anda sempre com um copo de uísque nas mãos. Essa possibilidade é contrariada com uma conclusão chocante a maneira de Home movie (2008) – horror independente de Christopher Denham – e que livra A entidade de ser mais um Terror em Amityville (1979).
Apesar de seguir em parte a cartilha dos clássicos, A entidade se mantém atual ao dialogar com as produções do horror contemporâneo que trazem a violência como atração principal. Faz isto através dos filmes em super 8 assistidos pelo personagem do escritor, em que famílias são exterminadas de forma inventiva e cruel nos moldes do subgênero de tortura que, nos últimos anos, predominou entre os lançamentos de horror. As fitas caseiras em super 8 agregam ainda o caráter de realismo, aspecto bastante valorizado nas produções atuais.
Associada aos macabros filmes caseiros a impressionante trilha sonora de Christopher Young confere um bocado de estranheza com seus elementos tribais e ruídos que se assemelham a sussurros infantis. Outro destaque que faz de A entidade um clássico instantâneo é o “monstro”, a entidade. Discreta e misteriosa, a figura de que pouco se sabe trouxe o medo de volta às telas.
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