segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Possessão (The Possession, 2012)

O demônio e a possessão demoníaca foram algumas das temáticas mais abordadas no cinema de horror da década de 1970, com lançamentos planejados na onda O exorcista (1973), de William Friedkin, sucesso até hoje lembrado como uma das maiores histórias de horror de todos os tempos. O filme impulsionou uma série de produções semelhantes, bem como continuações e sátiras pelo mundo inteiro. Após algum tempo sendo abordado de maneira tímida em alguns títulos menores, o tema parece estar de volta com tudo, com pelo menos um exemplar de destaque a partir de 2005, quando estreou O exorcismo de Emily Rose.


Em Possessão, um casal em processo de separação vê uma de suas filhas, Em (Natasha Calis) agir de modo estranho ao entrar em contato com uma velha caixa de madeira adquirida em uma venda de jardim. A menina parece estar sempre fora de si e nela desponta um comportamento agressivo. O pai acredita tratar-se de um evento sobrenatural e procura a ajuda dos membros de uma comunidade judaica. E aí está um dos destaques de Possessão: a maioria dos filmes sobre o assunto o desenvolve sob a perspectiva católica, enquanto que este traz uma abordagem judaica, abrangendo o tema desde a origem da crença, de acordo com seu folclore, até os rituais de exorcismo.


Produzido por Sam Raimi, grande nome do cinema de gênero, e dirigido por Ole Bornedal, cineasta dinamarquês de O principal suspeito (1997), Possessão gerou grande expectativa entre os aficionados, mas não cumpriu a promessa. O filme demora bastante a engrenar e, quando finalmente o faz, deslancha numa conclusão pra lá de desinteressante. As cenas mais intensas são frequentemente abortadas de maneira brusca, deixando a impressão de que as vimos apenas pela metade.

Possessão tem uma característica que é recorrente nos filmes de terror: o mal manifestado dentro do núcleo familiar. Aqui, a possessão se relaciona com o desmoronamento da família, simbolizado pelo divórcio dos pais, por sua vez causado pela ambição exacerbada do pai, que prioriza a ascensão na carreira e deixa esposa e filhas em segundo plano. O divórcio, muitas vezes, é o agente provocador de uma série de traumas nos filhos, e a possessão pode ser uma maneira simbólica da personagem Em externá-los. Talvez assim justifique-se o descaso com a criação de cenas climáticas, de medo, e o enfoque em cenas dramáticas, o que faz com que Possessão funcione como drama familiar, mas falhe como filme de horror.

4 comentários:

  1. Bela crítica :) O diretor disse que realmente estava mais interessado em criar uma "fábula do divórcio" do que um filme de terror. Mas o filme falha naquilo que propõe. Também escrevi sobre ele em http://horrorreviewing.blogspot.com.br/2012/11/possessao.html

    Abraço

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  2. Só vi o filme no final do ano passado. Concordo com a crítica. Aliás, a preocupação com a construção de climas e o horror propriamente dito parecem estar em vias de extinção. Uma pena!

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  3. ei...vamos buscar evitar a perseguição aos gatos pretos coitados??? eles não tem culpa de nada

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    1. Oi, Valmir. Perseguição? Na verdade, tá mais pra homenagem. Eu amo gatos, inclusive os pretos. Tenho um que é o meu xodó. Não entendi o seu comentário.

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