Há algum tempo li sobre Contos do Dia das Bruxas no IMDB e fiquei ansiosa, aguardando pelo lançamento do filme no país. Porém, ele nunca fora lançado nos cinemas, sendo distribuído diretamente em DVD. Em uma visita recente à locadora, encontrei o filme na prateleira e o trouxe para casa.
Tendo como ambientação o Dia das Bruxas, claro, são narradas cinco curtas histórias: na introdução, um casal desaforado apaga a vela de uma abóbora antes da meia-noite e é atacado; na primeira história, uma turma de moças insiste para que a mais jovem delas perca a virgindade, expondo a menina aos caprichos de um estranho; em outra, um garoto é assassinado brutalmente ao entrar numa casa à procura de doces; na história seguinte, um grupo de crianças visita uma pedreira abandonada para homenagear os mortos em um acidente; e, no último conto, um velho rabugento recebe a visita de um célebre personagem da data.
Integrando o atraente elenco de Contos do Dia das Bruxas estão Anna Paquin e Dylan Baker. Este, que faz aqui um assassino de crianças, interpretou um pedófilo em uma de suas atuações mais corajosas, no zombeteiro Felicidade (1998), de Todd Solondz; ela, ganhadora do Oscar de atriz coadjuvante com apenas 11 anos, por O Piano (1993), é mais carismática do que talentosa, mas tem se destacado pela famosa série televisiva True Blood. Michael Dougherty, roteirista dos arrasa-quarteirões X-Men 2 e Superman: o Retorno, faz com este filme de horror sua estréia no longa-metragem. Em 1996, o diretor realizara um curta chamado Season’s Greetings (assista logo abaixo), uma macabra animação que já versava sobre o tema do Halloween. Apesar da pouca duração, o filme antecipa ainda uma característica bastante presente no primeiro longa de Dougherty: a reviravolta, a surpresa.
Uma solução ingênua, um tanto desgastada, mas ainda de efeito. Este e outros detalhes inevitavelmente remetem a quadrinhos como Tales From the Crypt (no Brasil, Cripta do Terror), deliciosa leitura sensacionalista publicada pela EC Comics nos anos 50. Também como nos quadrinhos, o filme possui boa dose de violência visual, morbidez, além de uma pitada de sensualidade (na verdade, ingredientes quase que indispensáveis para um filme de horror de sucesso desde a década de 60, com a internacionalização do gênero no cinema).
Assim, Contos do Dia das Bruxas já nasceu clássico. Resgata o horror sobrenatural, onírico, quase pueril (31 de outubro, aliás, é uma data de interesse essencialmente infantil). Um deleite em tempos de torture porns que competem na categoria “realismo”, onde violência e drama se misturam na busca pelo choque, formando a nova vertente do horror. Mas o filme em questão não é apenas saudosista. Suas divertidas subtramas são conduzidas corretamente e se conectam em um final ameaçador com a pretensão de ensinar sobre os reais significados do Dia das Bruxas.
Estou sempre acompanhando, Bia. Seu blog é de muito bom gosto. ;)
ResponderExcluirJoana.
Sabe que, por aqui o 31 de outubro é o dia do Saci? heheh
ResponderExcluirSó pra constar.=D
J.
Gosto muito de antologias de horror, mas geralmente elas costumam juntar histórias fraquinhas. As minhas preferidas são as produções da Amicus, mas mesmo naqueles filmes havia um ou outro episódio meio sem graça. Não vi este filme ainda, mas com certeza deu vontade de ver!
ResponderExcluirFaz tempo que não assisto um filme neste formato de terror. Até acho legal ter uma ou outra história mais fraca no meio de episódios legais, assim parece que eles ficam melhores ainda. Também gosto da Anna Pasquin, aquela boquinha torta que ela faz e a cara de moça de cidadezinha do interior me cativou. Mais um filme pra minha lista! Achei muito bacana a animação do Michael Dougherty, principalmente o traço do desenho, bem simples e macabro.
ResponderExcluirJu, obrigada pela visita. Se você diz que tá gostando, tô no caminho certo. ;)
ResponderExcluirJ., não sabia sobre o Dia do Saci. Ótima data! CONTOS DO DIA DAS BRUXAS tem bem esse clima de lendas, lendas urbanas, causos...
Carlos, as histórias do filme são bem simples, mas ótimas. O meu trecho favorito é o das crianças que levam abóboras para os mortos.
Marco, assista mesmo ao filme, é uma delícia. Espero que a Mara assista junto e ambos gostem. :)
Fui ler sobre o Dia do Saci e lembrei que sabia disso, sim. É uma tentativa de "abrasileirar" a data, como se o Dia das Bruxas não fosse uma tradição milenar e mundial e nós estivéssemos subordinados à cultura estadunidense.
ResponderExcluirBibia, não possuo conhecimento algum sobre esse gênero, por isso fico muito feliz com a oportunidade de desvendar esse universo através do seu blog que apesar de dar um friozinho na barriga, me remete uma sensação muito gostosa que ainda não fui capaz de decifrar. Talvez eu preciso ir além e então me aventurar vendo os filmes que indicados por ti com certeza não tem erro! Acho que começar pela animação Season's Greetings seria uma ótima preparação para alguém tão medrosa como eu!
ResponderExcluirParabéns pelo blog querida! Agora estarei na sua cola.
Beijos!