Um barco desgovernado chega a Nova Iorque aparentemente vazio. Quando dois policiais sobem a bordo para investigá-lo, são atacados por um homem com uma estranha moléstia, comedor de carne humana. Preocupada com o sumiço do pai, a filha do proprietário do barco viaja a ilha tropical de Matul com um repórter curioso que acabara de conhecer. Na ilha, um médico tenta descobrir o mistério por trás de um bando de cadáveres que, sem qualquer explicação, voltam à vida.
Quando me falavam de Zombie 2, limitavam-se a contar sobre a famigerada cena com o tubarão (ainda bem). Qual não foi a minha surpresa quando finalmente assisti ao filme e pude tirar minhas próprias conclusões. Inicialmente, estranhei o começo lento, com atuações um tanto fleumáticas, sem qualquer sinal de crescimento. Isto me fez pensar na importância da introdução de um filme, crucial para despertar um primeiro interesse no espectador, mas em seguida percebi que este ritmo seria mantido por toda a metragem.
Diferente da agitação desenfreada comum aos filmes de zumbis, cada cena de morte é um espetáculo solitário (tendo, talvez, como um dos objetivos destacar a maquiagem de Giannetto de Rossi), muitas vezes com detalhes de encher os olhos, como na cena em que uma vítima, na tentativa de escapar do ataque de um morto-vivo, empurra uma porta contra ele. Em uma parede, o reflexo da luz que vem de fora aumenta lentamente, conforme a vítima perde a luta.
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Aliás, uma forte atmosfera de fracasso e desesperança domina o filme. Richard Johnson (que também fizera um doutor em Desafio do Além, 1963) interpreta o médico desesperado com os maus resultados de sua pesquisa, e que recusa a aceitar qualquer explicação mística ao acontecimento, no freqüente conflito entre ciência e religião.
O pessimismo e a poesia de Zombie 2 me lembraram em alguns momentos um dos melhores filmes do gênero: A Morta-Viva (1943), também ambientado em uma ilha tropical. São ainda comuns aos dois filmes os personagens malditos, como se a vida (ou a entre-vida) fosse uma espécie de maldição e, a morte, desejada.