domingo, 11 de abril de 2010

Fear Itself: Antologia do Medo (3-4)

Um Homem de Família

Um dedicado pai de família sai para trabalhar após uma missa na igreja, mas seu carro choca-se violentamente contra uma caminhonete em um cruzamento. Ele morre e logo ressuscita no corpo de um assassino acusado de, entre outros crimes, 26 homicídios; alcunhado de “Um Homem de Família” por ter matado a sua própria, aos 12 anos. O criminoso, por sua vez, acorda no corpo do homem inocente e começa a usurpar sua vida, propondo mantê-lo atualizado na cadeia sobre sua família em troca de o outro ensinar-lhe a viver sua vida.

Dirigido por Ronny Yu, o episódio possui um clima bem diferente de seus últimos trabalhos no horror, A Noiva de Chucky (1998) e Freddy vs. Jason (2003), marcados essencialmente pela comédia. Um Homem de Família é carregado de tensão e chega a ser angustiante de tão dramático. Caracteriza bem o forte aspecto de ceticismo que domina a série, com finais predominantemente ruins. A direção de Yu é segura, assim como as atuações dos protagonistas, o que garante um episódio bem acima da média.

Na Saúde e Na Doença


No dia do seu casamento, enquanto arruma-se na igreja, uma noiva recebe através do padre um bilhete que revela nada menos que a pessoa com quem ela vai casar é um assassino em série. Desesperada, a mulher arrepende-se de ter noivado tão rápido, e fica num dilema sobre confrontar ou não o noivo.

Dirigido por John Landis, que dispensa apresentações, é um dos poucos episódios de cunho cômico, e vale-se de um final surpresa sem qualquer justificativa – além da surpresa, claro. A igreja, praticamente o único cenário utilizado, serve perfeitamente de ambientação, com sua pouca luminosidade e assustadoras imagens sacras. Em alguns momentos, parece que a trama vai debandar para um giallo, mas apenas parece; talvez tenha sido a maneira que o diretor encontrou para citar o subgênero italiano. Tal qual o episódio anterior, este merece destaque.

sábado, 3 de abril de 2010

Fear Itself: Antologia do Medo (1-2)

Recentemente, minha irmã apareceu aqui em casa com os DVDs da série Fear Itself: Antologia do Medo. Novidades desse tipo sempre me empolgam e, como ando sem tempo, uma antologia me pareceu uma boa idéia para não ficar tão alheia ao cinema de horror, pois os episódios possuem metade do tempo de um longa-metragem, além de temas bem variados. Confesso que ainda não assisti Mestres do Horror (já pedi que um amigo providenciasse as duas temporadas para mim, a fim de correr logo atrás do prejuízo), mas, claro, sei das boas referências da série, e fiquei ainda mais animada quando vi Fear Itself foi feita praticamente pelo mesmo pessoal (produtores, diretores, roteiristas). Conforme for assistindo, pretendo deixar aqui algumas impressões. Sem mais delongas, vamos aos primeiros episódios:

O Sacrifício
O primeiro deles, dirigido por Breck Eisner, é inspirado num conto de Del Howison, escritor de histórias de horror que fez algumas incursões pelo cinema como ator. Trabalhou especialmente nos filmes “terróticos” (terror erótico) de Donald F. Glut, interpretando Renfield, o ajudante do Conde Drácula.

O Sacrifício é a história de um grupo de foras-da-lei (alguém, além de mim, ainda usa esse termo?) que tenta escapar de um policial, mas, com um homem ferido e o carro quebrado, acabam procurando ajuda em uma espécie de forte isolado no meio da neve. Lá vivem três jovens e belas irmãs que parecem ter parado no tempo, e que logo se revelam uma ameaça ao grupo de criminosos.

Episódios de antologias têm tudo a ver com os contos da literatura: possuem o menor número de ambientes possível, poucos personagens, apenas um núcleo narrativo etc. São, de fato, uma ótima fonte para este tipo de formato. Sucinto, O Sacrifício escapa de uma armadilha muito comum aos episódios de antologia, a incapacidade de concisão, mas perde pontos por narrar uma história simplória demais, com soluções pouco convincentes e personagens caricatos. A maquiagem de Greg Nicotero e sua equipe proporciona os melhores momentos do episódio. Eisner, o diretor, é o responsável pela refilmagem de The Crazies (2010), de George Romero.

Às Voltas com o Passado
Um pouco mais interessante é o segundo episódio, com Eric Roberts no papel de um policial que detesta armas de fogo e orgulha-se de nunca tê-las usado em serviço, mas que trata os suspeitos de crimes com abominável violência. Quando acaba matando um deles durante um interrogatório, é afastado do serviço e começa a trabalhar como detetive particular, encarregado por esposas traídas de flagrar seus maridos infiéis. Um dia, é contratado por uma mulher desconfiada de que o marido leva amantes para casa durante sua ausência. Ela pede que o detetive observe o seu marido a partir de uma casa abandonada do outro lado da rua, mas, lá, ele passa a ter uma série de visões estranhas relacionadas ao seu obscuro passado.

Às Voltas com o Passado inicia muito bem, mas decai justamente em seu clímax, passando de narrativa gótica a uma história quase convencional de vingança, não fosse a marcante presença do sobrenatural. Uma cena memorável, assustadora, entremeia estes níveis. O personagem de Eric Roberts, decididamente maldito fragilizado por uma culpa infantil, é, certamente, um dos melhores da antologia.