quinta-feira, 3 de março de 2011

A Reunião dos Demônios/Os Três Zuretas (1997)

Na década de 1960, Joaquim, um menino da cidade grande, é enviado para a casa dos avós durante uma crise entre os seus pais. A avó de Joaquim é uma mulher bastante severa e repressora, enquanto o avô do menino, de nome igual ao seu, compreende suas vontades e encobre suas fugas quando o neto deseja sair para brincar com seus amigos, Zezo e Pelé; os três garotos, de diferentes classes sociais, mas todos alcunhados de “demônio” por seus respectivos pais. Tamanha é a repetição do apelido, que as crianças incorporam-no e acreditam de fato estar possuídas pelo demônio e com ele terem um pacto. A partir daí, os três meninos começam a usufruir deste acordo satisfazendo desde desejos infantis como tomar sorvete, até ansiarem morte de seu professor. É quando os três, em suas limitações pueris, terão de escolher entre o bem e o mal.

A Reunião dos Demônios é uma grata surpresa do chamado “cinema de retomada” brasileiro. Dentro de um filme aparentemente simples, infantil, foram inseridas questões como a liberdade, o direito do indivíduo de fazer escolhas, como é bem ilustrado na cena em que o avô, personagem de Cláudio Marzo, ao alimentar um passarinho que estava preso na gaiola, decide deixá-lo partir. A inocência infantil também é questionada quando as crianças discutem sobre que fim dar ao professor, baseando-se em sua necessidade egoísta de ocultar uma possível nota ruim em uma avaliação escolar, o os levaria a ser castigados pelos pais.



Sendo quase impossível desvincular suas figuras em uma trama sobre crianças, os pais são outro elemento importante da história. O desequilíbrio matrimonial, tanto dos pais quanto dos avós de Joaquim, e até mesmo dos pais de seus colegas (a mãe de Pelé e solteira, e o sustenta sozinha), é o motivo de grande parte dos problemas do menino. Extremamente rico em leituras, A Reunião dos Demônios é tecnicamente imperfeito. Repete alguns diálogos à exaustão. O elenco infantil, todo estreante, realiza um excelente um trabalho. Acreditando que o título pudesse afugentar o público, por remeter a histórias de horror, o filme foi relançado em 2001 com o título Os Três Zuretas.

terça-feira, 1 de março de 2011

Tormenta (1982)

Mulher viaja com o companheiro e a filha pré-adolescente dele para uma ilha deserta onde ele mantém uma cabana. Outrora empolgada com as viagens que fazia ao lugar, que considerava uma espécie de refúgio, a mulher sente desta vez um estranhamento, uma espécie de mau presságio. Seu marido, contrabandista, sai de barco ao encontro de um cargueiro, mas é vítima de uma tormenta e não retorna para encontrar a esposa e a filha. As duas ficam sozinhas na ilha, buscando sobreviver através da pesca e da procura de vegetais. Porém, é na enteada que a mulher encontra o seu maior desafio: extremamente rebelde, a menina evita envolver-se afetivamente com a madrasta, acusando-a de ter estragado a relação que ela tinha com o pai.

Drama enigmático e intimista, Tormenta é uma belo exemplar do cinema fantástico brasileiro. A personagem de Bianca Byington, a pré-adolescente cruel que manipula a madrasta que deseja se aproximar dela, é um prato cheio para a psicanálise, com insinuações edipianas e, mais adiante, homossexuais. O filme possui ainda diversas simbologias que ajudam a desvendar seus enigmas, como a boneca que, ao ser quebrada, representaria o amadurecimento, o despertar sexual da garota; bem como a quebra do vínculo com sua mãe, que, apesar de ausente, é claramente um empecilho para o bom relacionamento entre a enteada e a madrasta.

A jovem atriz, que recebera o título de “Musa de Verão” pouco antes da estréia de Tormenta, foi premiada como melhor atriz coadjuvante no Festival de Gramado, e mais tarde fez bastante sucesso em telenovelas. O filme foi premiado ainda pela Associação Paulista de Críticos de Artes nas categorias melhor argumento, melhor roteiro, melhor fotografia e melhor montagem. O cineasta Uberto Molo, italiano radicado no Brasil, faria quatro anos mais tarde o seu segundo e último longa-metragem, Por Incrível Que Pareça, uma comédia com elementos de ficção científica.

Prêmio Dardos

Fui surpreendida hoje com essa gentileza do Carlos Primati, do blog Cine Monstro, que ofereceu ao meu blog o selo Dardos de qualidade (na verdade, tá mais pra estímulo para eu continuar postando com freqüência, rs). Enfim, a regra diz que o agraciado com o prêmio deve indicar mais quatro blogueiros para recebê-lo.



Os blogueiros indicados deverão repassar o selo a quatro colegas e assim por diante.

Meus indicados ao selo Dardos de qualidade, são:

Cristian Verardi, do Cinema Ex Machina;
Cayman Moreira, do Cayman Art & Alpharrabyos;
Valter Noronha, do Film Fatales;
Diego Akel, do Akel Estúdio.

Vocês poderão ler mais sobre o selo no blog Midnight Drive-In.

PS: Lembrei de indicar outros colegas, mas só conseguia pensar que eles não são muito fãs de selos.
PS²: Isso tudo me fez lembrar de que eu preciso atualizar a minha lista de blogs favoritos, da barra à direita.