domingo, 4 de março de 2012

O Artista (2011)

Após algum tempo sem ir ao cinema, ontem, finalmente, vi O Artista, filme vencedor do Oscar neste ano. Do mesmo modo que o clássico Cantando na Chuva, este filme aborda o período da transição do cinema mudo para o falado em Hollywood, e das dificuldades que as pessoas que trabalhavam no meio enfrentaram devido ao advento. Em O Artista, Jean Dujardin interpreta George Valentin, um astro do cinema silencioso, que se recusa a aderir à novidade. O estúdio para o qual o ator trabalha, no entanto, não se intimida com sua opinião discrepante e decide investir em novos talentos, falantes. Entre as novas vedetes está Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma dançarina com quem Valentin está envolvido. Não tarda até que Miller comece a estrelar os seus próprios filmes, colaborando, mesmo que sem querer, para o oblívio do seu colega. Este, inconformado com a condição de artista obsoleto, chega a tentar o suicídio em um incêndio, sendo resgatado a tempo. Miller se redime de sua culpa ao colocar Valentin de volta à ativa, quando os dois dançam e atuam em um filme musical.

Dois dos aspectos mais discutidos de O Artista são os fatos de ser um filme mudo e preto e branco. A fotografia em preto e branco, combinada com direção de arte e figurino impecáveis, resulta num trabalho primoroso. Alguns críticos, todavia, questionaram severamente a validade de se fazer um filme mudo num período em que há altíssima tecnologia disponível. A resposta me parecia bastante clara: escolha estilística. O que haveria de errado nisso?

Após ver o filme, sustento minha opinião. Antes, o que era inevitável, tornou-se mais um recurso de estilo, como tantos outros. Porém, aqui, este recurso não se mostra bem aplicado. Exceto por duas ou três cenas que dão sentido ao “silêncio” do filme, no restante da metragem soa como um empecilho, um problema que o diretor arrumou e com o qual precisa lidar. Algumas cenas chegam a ser constrangedoras, pois percebe-se que não passa de um filme completamente ordinário.



Uma surpresa inesperada: a participação especial do Malcom McDowell.


O personagem de Dujardin é pessimamente construído. Suas motivações são rasas, não convencem. Por que, afinal, ele é contra o advento do som? Deveríamos, ainda, acreditar que ele ama a mocinha? Que sinal temos disso além do fato de ele ter protegido do incêndio uma lata de filme com uma cena protagonizada pelos dois?

Também deve ser lembrado o (mau) uso de “Scene d’Amour”. Utilizada na cena mais climática de O Artista, a grandiosa música de Bernard Herrmann só enfatizou a fraqueza do filme, posto que é muito maior que este. Sem dúvida, foi outro momento constrangedor.

Enfim, o filme não apenas remete ao período abordado em Cantando na Chuva, como, praticamente, trata-se de uma refilmagem não-declarada. Jean Dujardin assemelha-se a Gene Kelly fisicamente e até em alguns trejeitos. Há uma espécie de Lina Lamont, que misteriosamente some da trama. O filme cita diversas cenas do clássico de Stanley Donen e, surpresa, os personagens resolvem seu problema com a mesma solução: um filme musical. Sim, já vimos esse filme e uma cópia dele não é o que podemos chamar de indispensável... Ao contrário do que esperava, saí do cinema com sensação de que estava faltando algo. Quando vejo um grande filme, deixo o cinema já com vontade de revê-lo. Saí da sessão de O Artista com muita vontade de rever Cantando na Chuva.

2 comentários:

  1. Oi, quer ser minha amiga? hahahaha

    Amei seu(s) blog(s). :)

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    1. Oi! Desculpa pela demora! Claro que quero. ;-) Muito obrigada pela visita. :-)

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