domingo, 7 de fevereiro de 2010

Trilogia do Terror (1993)

Uma visita ao necrotério.

Uma jovem consegue trabalho em um posto de gasolina e passa a noite sozinha no lugar, apavorada, enquanto um assassino está à solta fazendo vítimas pela cidade; um homem calvo obcecado pela idéia de ostentar madeixas esvoaçantes e saudáveis descobre pela televisão um tratamento capilar eficiente até demais; um jogador de beisebol perde o olho num acidente e é convencido por um médico a aceitar o olho de um doador misterioso – já falecido, claro. Após a cirurgia de transplante, o jogador começa a ter visões de mulheres mortas e passa a agir de forma violenta com a esposa.

Estas três histórias integram Trilogia do Terror, telefilme em episódios dirigidos por John Carpenter e Tobe Hooper. Além de dirigir, Carpenter interpreta um descontraído médico legista que, em um necrotério, apresenta as histórias com muito humor negro, à maneira do Guardião da Cripta, no quadrinho de horror Cripta do Terror. Aliás, Carpenter assemelha-se ao clássico e ultrajante personagem também fisicamente, num trabalho impressionante de maquiagem de Rick Baker. Diferente das divertidas apresentações, os episódios oscilam entre simplório e pretensioso em demasia.



O primeiro deles, “O Posto de Gasolina”, é provavelmente o melhor da antologia, enquanto sustentado por puro suspense, mas não demora a ficar agitado e cheio de pseudo-surpresas, tendo, por fim, uma conclusão piegas. Particularmente, gostei de rever o ator David Naughton, de Um Lobisomem Americano em Londres (1981), um dos meus filmes de horror mais estimados (imagino que de muitos leitores do blog também), apesar de suas participações especiais em filmes de horror não serem exatamente raras.

Participações especiais. Este filme é cheio delas. Foi algo que me agradou, de início. Pareceu um curioso bônus ver gente como Wes Craven, Sam Raimi e o próprio David Naughton já no primeiro episódio, mas torna-se perceptível que o filme vale-se unicamente dessa vitrine de celebridades. As participações especiais são a principal atração de Trilogia do Terror, e a seguir nota-se o imperdoável: devido a isto, mínima atenção é dada às narrativas.

“Cabelo”, a história seguinte, surge para não deixar qualquer dúvida disto. Vazia e simplória, tem a cantora Deborah Harry e o pobre David Warner em papéis constrangedores, mas não mais do que o de Stacy Keach (o careca frustrado), é claro. “O Olho”, diferente do episódio anterior, tem uma proposta um pouco mais complexa, mas perde-se em sua pretensão ao tentar ultrapassar os limites da curta metragem, numa história confusa e moralista, cheia de citações bíblicas. Personalidades como Roger Corman e a modelo Twiggy atuam neste segmento.

7 comentários:

  1. Esse filme é mesmo uma decepção. Pelos diretores envolvidos, era de se esperar algo muito melhor. A fraqueza, na minha opinião, está nos roteiros sem brilho, tramas bobas com conclusões desinteressantes.
    Curiosamente, vi há alguns dias um filme com participação da Deborah Harry numa cena rapidíssima. O filme se chama ANAMORPH e devo escrever sobre ele em breve. Ela também está no longa TALES FROM THE DARKSIDE, lá sim num papel longo e interessante.
    No final das contas, acabamos chegando à conclusão de que esses filmes em episódios são um equívoco, pois faz tempo que não vejo um interessante.

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  2. Tenho o TALES FROM THE DARKSIDE aqui pra assistir. Com certeza fará parte de uma das minhas próximas sessões.

    Não acho que os filmes em episódio sejam um equívoco. CONTOS DO DIA DAS BRUXAS, por exemplo, é um ótimo filme, e é ousado, pois entrelaça os episódios com perfeição. Acho que só falta mesmo um pouco de boa vontade para criar histórias mais interessantes, e não tanto glamour (como no caso de TRILOGIA DO TERROR).

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  3. Não vi o CONTOS DO DIA DAS BRUXAS. Eu estava pensando nos filmes da década de 90, como DOIS OLHOS SATÂNICOS. O formato é ótimo, mas a execução deixa a desejar. Se você gosta desse formato, assista PESADELOS DIABÓLICOS, que também é bacaninha.

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  4. Eu gosto do episódio Cabelo. Pelo menos me transmitiu uma sensação de desconforto enorme.

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  5. Quanto a estes filmes de episódios meu sonho é ver Dead of Night (1945), um clássico que estou devendo para mim mesmo... Dos que eu vi o melhor disparado, obviamente, é o Black Sabbath do Mario Bava.

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  6. Blob, DEAD OF NIGHT é importante por vários motivos, entre eles porque foi feito numa época em que o horror estava quase esquecido, substituído por comédias leves com fantasmas. O filme inclusive tem um episódio nesse estilo, com a dupla de comediantes que ficou famosa em A DAMA OCULTA, do Hitchcock. Mas o ponto forte do filme, e o motivo de ser tão lembrado, é o episódio dirigido pelo brasileiro Alberto Cavalcanti, sobre um boneco de ventriloquo. Melhor nem falar mais nada, veja o filme!!
    Para deixar claro, minha implicância é com os filmes mais recentes nesse formato. BLACK SABBATH é uma obra-prima!

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  7. CABELO é o meu favorito dos três. Acho o Stacy Keach impagável nele, tanto que quando lembro dele, também lembro deste segmento do filme.

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